Via
de regra, antes do matrimônio, as coisas correm às mil maravilhas, no que diz
respeito ao trato recíproco que os pretendentes se dispensam.
Só
depois de casados é que se esboça o capítulo, desconhecido e surpreendente, do relacionamento
conjugal.
Não
poucos custam a firmar diretrizes.
Certo,
precisarão fazê-lo, um tomando por ponto de referencia o outro.
Ela,
a mulher, procurando entender a situação do marido.
Sem
exigir-lhe mais do que ele pode fazer em benefício da família.
Sem
exasperar-se com as suas dificuldades de obtenção de remuneração mais
compensadora.
Sem
cansá-lo com reclamações e queixas.
Sem
sobrecarregá-lo com assuntos inconvenientes e indesejáveis.
Sem
deprimi-lo por invocar, como confronto, a situação de outros casais mais bem
situados na vida.
Sem
dar o que saber aos vizinhos do que se passa em sua própria casa.
Sem
indispor-se a propósito de qualquer coisa ou de casos de somenos importância.
Sem
implicar com ninguém, nem deixar-se implicar em nenhuma situação menos
compatível com a nobreza e dignidade do espírito feminino.
Sem
faltar com a devida consideração ao esposo, de quem procurará obter o
reconhecimento dos seus direitos, fazendo-lhe sentir que estes são uma decorrência
da reciprocidade de deveres pertinentes à pauta comum de ambos.
Calar
e ouvir, quando necessário.
Esclarecer
e ponderar, por vezes, em busca de um acordo amistoso.
Ele,
o marido, aquilatando da responsabilidade de ter saído do lar paterno, para o
seu, uma jovem, hoje sua esposa, a quem deve respeito e preservação, proteção
e defesa, tal como os desfrutava quando em companhia dos pais.
Honrando-a
e honrando-se a seu lado.
Fazendo-a
respeitada e querida pelos filhos.
Calando-lhe
os defeitos e proclamando-lhe as qualidades, junto a terceiros.
Considerando
o lar como oficina de trabalho e escola de aperfeiçoamento.
Pugnando
denodadamente por resguardar o prestígio do matrimônio e enaltecer o conceito
de família.
Comprazendo-se
no convívio dos seus.
Interessando-se
por tudo e por todos, em casa.
Dispensando
toda a atenção aos assuntos veiculados pela sua consorte.
Diminuindo
exigências, sopitando imposições.
Estimulando
esforços e valorizando iniciativas.
Dando
tudo de si, sempre esperançado de que, das sementes plantadas, brotem, um
dia, flores e frutos na lavoura do ideal da união.
Claro
que ela, a mulher, e ele, o marido, a que nos referimos, entende-se, aqui,
como casais bem-intencionados e sinceros, que procuram dignificar a vida
conjugal, e não como os que fazem do lar apenas refeitório, dormitório,
vestiário, sem falar em outros des- virtuamentos menos indicados à citação.
Vida
conjugal — sabemo-lo bem — significa conjugação de esforços, associação de
aspirações nas lutas cotidianas, inquebrantável propósito de solidariedade em
todos os transes e lances da existência em comum, em que os cônjuges, apoiados
um no outro, caminham ombro a ombro, lado a lado, para darem a volta por cima,
transpondo eventuais barreiras que se lhes antepuserem aos passos no dia-a-dia
da trajetória terrena a que se propuseram percorrer juntos.
Não
é fácil a sustentação dessa aliança, na experiência a dois. Faz-se mister a
preponderância de fatores, tais como: inviolável fortaleza de ânimo, vigoroso
espírito de confiança, perene perseverança, imperturbável serenidade,
alentado espírito de otimismo, profundo sentido de fidelidade, vigor de ideais
e aspirações e capacidade de captação de elevadas inspirações, para que tudo
transcorra segundo os desígnios da Suprema Vontade do nosso Criador e Pai
Celestial.
Cientes e conscientes da realidade dessa situação,
quase sempre caracterizada por surpresas e imprevistos, é que achamos por bem
assinalar semelhantes aspectos da estrutura do lar e sustentação da família,
nos domínios das experiências domésticas.
Passos
Lírio
REFORMADOR, MARÇO, 1995
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