terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Relacionamento Conjugal


Via de regra, antes do matri­mônio, as coisas correm às mil maravilhas, no que diz respeito ao trato recíproco que os pretendentes se dispensam.
Só depois de casados é que se esboça o capítulo, desconhecido e surpreendente, do relacionamento conjugal.
Não poucos custam a firmar di­retrizes.
Certo, precisarão fazê-lo, um tomando por ponto de referencia o outro.
Ela, a mulher, procurando en­tender a situação do marido.
Sem exigir-lhe mais do que ele pode fazer em benefício da família.
Sem exasperar-se com as suas dificuldades de obtenção de remu­neração mais compensadora.
Sem cansá-lo com reclamações e queixas.
Sem sobrecarregá-lo com as­suntos inconvenientes e indesejá­veis.
Sem deprimi-lo por invocar, como confronto, a situação de ou­tros casais mais bem situados na vida.
Sem dar o que saber aos vizi­nhos do que se passa em sua pró­pria casa.
Sem indispor-se a propósito de qualquer coisa ou de casos de somenos importância.
Sem implicar com ninguém, nem deixar-se implicar em nenhu­ma situação menos compatível com a nobreza e dignidade do es­pírito feminino.
Sem faltar com a devida consi­deração ao esposo, de quem pro­curará obter o reconhecimento dos seus direitos, fazendo-lhe sentir que estes são uma decor­rência da reciprocidade de deveres pertinentes à pauta comum de ambos.
Calar e ouvir, quando necessá­rio.
Esclarecer e ponderar, por ve­zes, em busca de um acordo amis­toso.
Ele, o marido, aquilatando da responsabilidade de ter saído do lar paterno, para o seu, uma jovem, hoje sua esposa, a quem deve res­peito e preservação, proteção e de­fesa, tal como os desfrutava quando em companhia dos pais.
Honrando-a e honrando-se a seu lado.
Fazendo-a respeitada e querida pelos filhos.
Calando-lhe os defeitos e proclamando-lhe as qualidades, junto a terceiros.
Considerando o lar como ofici­na de trabalho e escola de aperfei­çoamento.
Pugnando denodadamente por resguardar o prestígio do matrimô­nio e enaltecer o conceito de famí­lia.
Comprazendo-se no convívio dos seus.
Interessando-se por tudo e por todos, em casa.
Dispensando toda a atenção aos assuntos veiculados pela sua con­sorte.
Diminuindo exigências, sopitando imposições.
Estimulando esforços e valori­zando iniciativas.
Dando tudo de si, sempre espe­rançado de que, das sementes plan­tadas, brotem, um dia, flores e frutos na lavoura do ideal da união.
Claro que ela, a mulher, e ele, o marido, a que nos referimos, enten­de-se, aqui, como casais bem-inten­cionados e sinceros, que procu­ram dignificar a vida conjugal, e não como os que fazem do lar apenas refeitório, dormitório, vestiário, sem falar em outros des- virtuamentos menos indicados à citação.
Vida conjugal — sabemo-lo bem — significa conjuga­ção de esforços, associação de aspirações nas lutas cotidianas, inquebrantável propósito de soli­dariedade em todos os transes e lances da existência em comum, em que os cônjuges, apoiados um no outro, caminham ombro a om­bro, lado a lado, para darem a volta por cima, transpondo eventuais barreiras que se lhes antepuserem aos passos no dia-a-dia da trajetó­ria terrena a que se propuseram percorrer juntos.
Não é fácil a sustentação dessa aliança, na experiência a dois. Faz-se mister a preponderância de fatores, tais como: inviolável fortaleza de ânimo, vigoroso espírito de con­fiança, perene perseverança, im­perturbável serenidade, alentado espírito de otimismo, profundo sentido de fidelidade, vigor de ideais e aspirações e capacidade de captação de elevadas inspirações, para que tudo transcorra segundo os desígnios da Suprema Vontade do nosso Criador e Pai Celestial.
Cientes e conscientes da reali­dade dessa situação, quase sempre caracterizada por surpresas e im­previstos, é que achamos por bem assinalar semelhantes aspectos da estrutura do lar e sustentação da família, nos domínios das expe­riências domésticas.


Passos Lírio


 REFORMADOR, MARÇO, 1995

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